Em meio à efervescência das campanhas eleitorais municipais, um tema crucial para a segurança e o bem-estar dos cidadãos brasileiros permanece conspicuamente ausente dos debates e planos de governo: a violência no trânsito. Enquanto candidatos a prefeito discutem fervorosamente sobre segurança pública, focando principalmente na violência armada, ignoram uma ameaça ainda mais letal que assola nossas cidades - os sinistros de trânsito.
O silêncio ensurdecedor
Dados alarmantes revelam que em 73% das cidades brasileiras de grande porte, o trânsito mata mais que armas de fogo. Este cenário se torna ainda mais preocupante quando observamos que, das 46 cidades com mais de 300 mil habitantes, que terão segundo turno nas eleições municipais, 26 apresentam o trânsito como uma força mais letal que a violência armada.
Apesar dessa realidade chocante, o tema da segurança viária permanece um tabu entre os candidatos. É como se houvesse um pacto silencioso para não abordar um dos problemas mais urgentes que nossas cidades enfrentam.
Brasil: campeão em mortes no trânsito
O Brasil figura entre os quatro países que mais matam no trânsito em todo o mundo. Este dado vergonhoso deveria ser motivo de comoção nacional e pauta prioritária em qualquer discussão sobre gestão municipal. No entanto, o que vemos é um silêncio ensurdecedor.
Além do custo humano inestimável, estima-se que o país perca cerca de 50 bilhões de reais por ano em custos econômicos e sociais devido aos sinistros de trânsito. É um montante que poderia ser investido em educação, saúde e infraestrutura, mas que se perde nas estatísticas da violência viária.
A lenda da "indústria da multa" e seus efeitos nefastos
Uma das razões para a relutância dos candidatos em abordar o tema é o mito da "indústria da multa". Muitos prefeitos consideram o assunto impopular, temendo que qualquer menção à fiscalização do trânsito seja interpretada como uma tentativa de arrecadar mais às custas do cidadão.
Esta visão míope não apenas ignora a realidade das mortes no trânsito, mas também leva muitos gestores a negligenciar suas responsabilidades. É alarmante constatar que diversos prefeitos sequer assumem a gestão do trânsito em suas cidades, deixando de municipalizar o assunto, mesmo sendo esta uma obrigação prevista no Código de Trânsito Brasileiro.
Um chamado à ação
É imperativo que os candidatos a prefeito quebrem este tabu e comecem a discutir seriamente políticas de segurança viária. Não podemos continuar ignorando uma crise que ceifa mais vidas que a violência armada em grande parte de nossas cidades.
Os eleitores devem exigir de seus candidatos propostas concretas para melhorar a segurança no trânsito. Isso inclui investimentos em infraestrutura viária, educação para o trânsito, fiscalização efetiva e políticas de mobilidade urbana que priorizem o transporte público e os modos ativos de locomoção.
Conclusão
A violência no trânsito é uma epidemia silenciosa que assola nossas cidades. É hora de romper o silêncio e colocar este tema no centro do debate político municipal. Nossas vidas e as de nossos entes queridos dependem disso.
Os candidatos que tiverem a coragem de enfrentar este desafio de frente, propondo soluções reais e efetivas, não apenas demonstrarão liderança, mas também um compromisso genuíno com a vida e o bem-estar de seus cidadãos. É hora de transformar nossas cidades em lugares mais seguros para todos, começando pelas nossas ruas.
Acesse o Relatório - Comparativo entre Homicídios por Armas de Fogo e Sinistros de Trânsito
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