Pipas no ar: atenção redobrada a todos os motociclistas
Poucos sabem, mas as pipas coloridas que enchem o céu de cores, conhecidas também como pandorgas, raias, papagaios e quadrados, já serviram como sinalizador em ação militar, há cerca de três mil anos, na China Antiga.
Mesmo diante de milênios de distância, esses pedaços de papel de seda, sustentados por pequenas varas e rabiolas, ainda sinalizam perigo no ar, não pelas razões de outrora, mas por desatino de muitos, que persistem inserir um acessório contemporâneo, que é uma arma, chamada cerol (mistura de cola com vidro moído).
Passado na linha para cortar outras pipas, o cerol se transforma em verdadeira guilhotina e pode acabar com a vida de muitos inocentes numa fração de segundos, sendo as maiores vítimas motociclistas, ciclistas e pedestres.
Outro grande vilão, causador de mortes instantâneas, é a linha chilena, composta por substâncias químicas que, comparado ao cerol, ampliam quatro vezes o poder de corte.
A ameaça aumenta no período de férias escolares, já que as maiores incidências ocorrem entre janeiro e julho. Portanto, as atenções devem ser redobradas, principalmente para quem pilota sobre duas rodas, seja na capital paulista, no interior, enfim, onde quer que esteja, numa rodovia, avenida movimentada ou até mesmo em uma rua tranquila, já que a maldita linha não “escolhe” onde vai cair.
Além de causar danos irreparáveis às pessoas, esse passatempo, realizado de modo irresponsável, pode provocar também o desligamento da rede de energia, acarretando outros prejuízos à população.
Embora existam em São Paulo leis que proíbem a fabricação, comercialização e o uso desse misto, é comum se deparar com alguém cometendo essas infrações, seja na venda ou no ato de empinar as raias com o produto cortante.
Diante dos fatos, toda a sociedade precisa estar atenta, denunciar e cobrar uma maior fiscalização do poder público. Pais devem conscientizar seus filhos a não utilizar esses elementos e os agentes fiscais e policiais precisam agir urgentemente com muito mais rigor.
Ao setor de motofrete, vale ressaltar que o Código de Trânsito Brasileiro incluiu, por meio da Resolução Contran 356, o uso obrigatório da antena aparadora nas motocicletas, bem como o artigo 8º da Lei 12009/2009, que também estabeleceu essa obrigatoriedade como parte dos requisitos de segurança. Sendo assim, cabe a todos nós, cidadãos em geral, empresários e funcionários do setor motofretista o cumprimento da legislação e aos órgãos competentes, a fiscalização.
*Fernando Souza é presidente do SEDERSP (Sindicato das Empresas de Distribuição de Entregas Rápidas do Estado de SP)
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