Muitos desafios nesta área
Afinal, o que é educação no/ou para o trânsito, para quem ela está destinada, em que momento ela deve ser iniciada, intensificada ou deve ser um processo contínuo? Qual o seu peso na redução da acidentalidade nas vias e - o mais importante - qual o seu objetivo prioritário – apenas formar motoristas? Qual o modelo que convivemos e qual definitivamente precisamos? O desafio de encontrar respostas para essa série de questões está colocado no quinto e último painel do Seminário Urbanidade, que trata do tema “Educação”.
O ONSV (OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária) defende a Educação no trânsito como um processo permanente e para todos, um processo que deve acompanhar o cidadão durante toda a sua vida, afinal ninguém vive sem o trânsito, do nascer ao envelhecer, defende o diretor-presidente da entidade, José Aurelio Ramalho.
“Nosso maior desafio é colocar o trânsito na agenda social com o mesmo status e importância de temas como a ecologia, que foi inserida no nosso dia a dia nas últimas décadas e apropriada por todos. A agenda do meio ambiente ganhou a sociedade que se viu preocupada com a vida no futuro, com o planeta que deixaremos para as próximas gerações; mas por que não dar a importância devida à proteção à vida, educando de forma adequada para o trânsito, pensando nas gerações que estão sendo perdidas hoje, questiona?”
Um outro ponto crucial, neste painel, também está vinculado ao próprio tema do Seminário: o conceito de URBANIDADE, que deve reger as relações e convivência nas vias, baseado na gentileza e na ética no trânsito. Mas como essa ética pode ser construída se o cidadão quando respeita a legislação do trânsito, não está preocupado com a proteção à vida; mas, sim, em não ser autuado, não sofrer uma penalização? Ele tem medo de uma multa e não tem medo do risco de ficar sequelado ou morrer.
O cenário atual é de sempre acreditar que a culpa das mazelas, do desrespeito, dos acidentes, e das mortes é sempre do outro, enquanto isso as mortes não param, indica o OBSERVATÓRIO.
Ramalho afirma que a sociedade precisa mudar, de forma imediata, esse olhar enviesado para a segurança no trânsito. “Nosso inquietação é por uma mudança cultural para que a percepção de risco seja o norte do comportamento do cidadão, ele precisa ter medo de morrer e de matar; e não ter medo de ser fiscalizado”.
O painel Educação deverá abordar ainda questões como o processo de formação (o que temos no início do desenvolvimento na escola formal e na própria família), de informação (quando recebemos orientações e conhecimento mais específicos, por exemplo, como o aprendizado para dirigir) e o de Reformação (momento de reciclagem e garantia de repensar a suas posturas e comportamento no cenário em que se vive).
Enfim, o Código de Trânsito coloca que a Educação no Trânsito é um direito. Esse direito é definido em política e diretrizes para o trânsito das escolas e universidades, mas toda a sociedade sabe que o que está no papel está bem longe da realidade. Educação no Trânsito não é para todos, não é permanente. Como mudar esse cenário e fazer a legislação ser colocada em prática é mais outra questão a ser perseguida.
Para além dos problemas, iniciativas bem-sucedidas serão lembradas nesta discussão como o trabalho de concessionárias como a Rota das Bandeiras no interior de São Paulo, com o Projeto Rota da Educação; o projeto do DETRAN PR, com as telessalas com aulas de trânsito voltadas para crianças, jovens e adolescentes; a atuação do SAMU de Pernambuco, a mobilização do Maio Amarelo em todo o país. Iniciativas existem e devem ser replicadas, mas existe um caminho longo a ser trilhado.
Esse painel de debates será coordenado pela pedagoga Roberta Mantovani, responsável pelo Núcleo de Educação no Trânsito do OBSERVATÓRIO e terá como debatedores: Júlio Perdigão, diretor-presidente da Concessionária Rota das Bandeiras; Christiane Yared, deputada federal; e Rita de Cássia Ferreira da Cunha, coordenação geral de Qualificação do Fator Humano no Trânsito do DENATRAN.
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