Werner Münchow
Os dados reais de multas por uso do celular são maiores, já que ninguém admite usarO número de multas aplicadas a motoristas que utilizam o celular enquanto dirigem ainda é alarmante no município. De acordo com o Departamento Municipal de Trânsito, vinculado à Secretaria de Obras e Vias Públicas (Semop), até outubro foram registradas 1.919 multas devido a este tipo de infração, totalizando R$ 163.364,47 arrecadados.
A quantidade de multas aplicadas até o momento para quem foi flagrado utilizando o celular ao volante está dentro da média das infrações registradas em 2015, quando foram aplicadas 2.304 multas, o que representou o montante de R$ 196.139,52.
Em nível estadual, nos últimos cinco anos, a quantidade de multas por uso do celular aumentou em 43,29%, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP). Em 2010, foram 80,1 mil autuações para este tipo de infração; e em 2014, o número saltou para 114,9 mil (43%).
Já este ano, nos primeiros sete meses, as multas somam 63.441 mil, pelo mesmo motivo. Os totais abrangem somente as infrações registradas pela Polícia Militar em perímetro urbano, e representam uma cena cada vez mais comum no trânsito: motoristas falando ao celular enquanto dirigem.
Não só o Detran-SP, mas todos os órgãos de trânsito (municipais, rodoviários e federais) podem fiscalizar e aplicar a penalidade para infrações como esta. Portanto, de acordo com o Departamento Estadual, os números podem ser bem maiores, o que resulta em uma situação alarmante.
Paradinha
Uma pesquisa da American Automobile Association Fundation for Traffic Safety (Associação automobilística americana para segurança viária) mostra que, ao utilizar o celular ao volante, a pessoa se distrai, em média, por quatro segundos, desviando o olhar da via. Tal atitude, a 90 km/h, é o bastante para que o veículo percorra uma distância equivalente a um campo de futebol sem que o motorista esteja atento ao trânsito.
Para o presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), José Aurélio Ramalho, o trânsito requer atenção periférica. "Parada no farol, a pessoa fica com as mãos livres, porém, este não é o maior problema, mas sim, a concentração; é a falta de percepção que provoca acidentes", alerta.
Ele complementa que, mesmo nas paradas breves nos semáforos ou engarrafamentos, não é aconselhável espiar o WhatsApp, caçar pokemons ou fazer selfies. "Hoje, nós não temos dados de acidentes causados pelo uso do celular, porque ninguém admite que estava utilizando o aparelho", reforça Ramalho. "Assim como as pessoas sabem sobre o perigo de deixar uma criança na janela sem tela de proteção, deveriam também estar atentos aos perigos de se usar o celular ao volante. É importante desenvolver este conceito", considera.
Consciência
Isso ocorreu com a vendedora Ana Lúcia Alves, certa vez, enquanto aguardava o sinal verde. "Eu aproveitei a parada no farol para procurar uma música que queria escutar; ficava com um olho no aparelho e outro no sinal. No fim, ficou verde e eu acelerei ao mesmo tempo em que ajustava o volume do som; uma pessoa ainda estava atravessando a rua - foi um tremendo susto! Graças a Deus eu parei a tempo e, depois disso, nunca mais usei o aparelho ao volante", garante.
Conforme determina o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o uso do celular é vetado mesmo em paradas temporárias, o que a lei denomina como "interrupção de marcha". A infração é considerada média e acarreta para o motorista uma multa de R$ 85,13, além da perda de quatro pontos na habilitação.
De acordo com Ramalho, em dez anos meio milhão de pessoas perderam a vida no trânsito, e 1,2 mil ficam com sequelas de acidentes. "Atualmente, 60% dos leitos do [Hospital Augusto de Oliveira Camargo] Haoc são ocupados vítimas do trânsito. Por isso, é fundamental implementar uma educação efetiva, para fazer com que todos - pedestres e condutores - assimilem os conceitos e os incorporem no cotidiano das ruas", conclui.
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