Paulo JoséEm um dos acidentes fatais registrados neste ano, um ciclista foi atingido por uma motocicleta no Parque Ecológico
Até a semana passada, o trânsito de Indaiatuba já fez dez vítimas fatais. Os números assustam, já que o total corresponde a 56% das mortes ocorridas durante o ano passado inteiro.
Em 2016, o trânsito do município fez 18 vítimas fatais; e no ano anterior, o total foi de 24 mortes decorrentes de acidentes envolvendo veículos. O Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) dispõe do Portal Acidentologia, que informa dados, estatísticas e cenários do trânsito brasileiro. De acordo com levantamento feito em 2014, o número de mortes no trânsito foi de 36 - os dados são fornecidos pelo Datasus, divulgados pelo Ministério da Saúde. "Agora estamos aguardando os resultados de 2015 e 2016, que serão divulgados no site do Observatório", lembra Renato Campestrini, gerente técnico do Observatório de Trânsito.
Apesar do alto índice de acidentes ocorridos de janeiro a março, o estudo mostra que o maior número de mortes no trânsito em Indaiatuba foi registrado em 2008, com o total de 53 óbitos. Além disso, o gráfico aponta que o número anual das mortes no município apresentou uma tendência de crescimento de uma a duas mortes anuais (intervalo de confiança de 95%).
Para Renato, a imprudência e a falsa impressão da ausência de riscos são os principais motivos que levam aos acidentes. "Infelizmente, o brasileiro tem a percepção equivocada de que com ele nada acontece, e pensa que as campanhas no trânsito servem apenas para os outros", afirma. "As pessoas reclamam das multas, mas há um excedente muito grande de infrações", completa.
Questionada sobre os fatores causadores de acidentes nas rodovias, a AB Colinas, concessionária que administra a SP-75, local de boa parte das mortes, também reiterou em nota que boa parte é motivada pela imprudência dos usuários. Trafegar acima do limite de velocidade da pista, dirigir alcoolizado, não utilizar o cinto de segurança ou os pontos seguros de travessia, no caso dos pedestres, são os comportamentos mais comuns que originam os acidentes.
Monitoramento
A Polícia Militar Rodoviária, por sua vez, menciona os dados da Organização Mundial de Saúde, que indicam que nove em cada dez acidentes ocorrem por imprudência dos motoristas. A falta de atenção pelo uso do aparelho celular e o consumo de bebidas alcoólicas são dois deles. "Não manter distância segura do veículo da frente, a falta de manutenção dos veículos e o excesso de velocidade também contribuem significativamente", enumera o tenente Julio César.
Segundo o monitoramento da Polícia Rodoviária, a desobediência às regras de trânsito ocorre de um modo geral e diz respeito a questões culturais. "Temos um código de trânsito bem detalhado, rígido em várias condutas, mas, há ainda um grande desrespeito às normas. No entanto, mais importante que os pontos na CNH ou o valor da autuação, é o fato do motorista infrator colocar em risco a sua integridade física; afinal, respeitar a lei é proteger a si mesmo, os demais usuários e passageiros, e o próprio patrimônio", reforça o policial rodoviário.
A assessoria da AB Colinas destacou que todas as imagens captadas pelas câmeras de monitoramento da rodovia ficam à disposição e auxiliam a polícia para a apuração dos casos de acidentes, e também à Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp), em possíveis estudos que possam ser realizados a respeito do tráfego existente na via.
As câmeras de segurança instaladas em Indaiatuba também permitem a observância do trânsito na cidade. Segundo a Prefeitura, entram nas ruas cerca de 400 veículos por mês, incluindo transferências e veículos novos, totalizando 4,8 mil ao ano.
Campestrini alega também que as imagens captadas pelas câmeras permitem um confronto entre o Boletim de Ocorrência e o que ocorreu de fato. "Vemos com frequência uma grande disparidade entre a realidade e as informações contidas no BO. Só as câmeras são capazes de esclarecer quem foi o verdadeiro responsável pelo acidente", salienta.
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