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Números de mortes no trânsito superam os homicídios na região

Escrito por Portal ONSV

08 OUT 2014 - 14H23

"Números

Região registra, por mês, 42 homicídios culposos, duas vezes mais que os homicídios dolosos

Os números de homicídio culposo – sem intenção de matar – por acidente de trânsito são mais expressivos do que a soma dos homicídios dolosos – com intenção de matar – e culposos por outras causas na região de Ribeirão Preto.

De acordo com os dados da SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo), foram registrados 339 casos de homicídio culposo por acidente de trânsito de janeiro a agosto deste ano na região do Deinter 3 (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior) contra 172 homicídios dolosos e 17 homicídios culposos por outras causas no mesmo período. A região do Deinter 3 abrange 93 cidades.

São, em média, 42 homicídios culposos por acidente de trânsito por mês. O número é quase duas vezes maior do que os homicídios dolosos e quase 20 vezes maior do que os homicídios culposos por outras causas.

A SSP-SP ainda contabilizou 7.147 lesões corporais culposas por acidente de trânsito nos primeiros oito meses deste ano.

Respeito às leis

Segundo o capitão da 4ª Companhia de Policiamento Rodoviário, Luiz Eduardo Ulian Junqueira, as principais causas de acidente de trânsito nas rodovias da região de Ribeirão são excesso de velocidade, embriaguez ao volante, ultrapassagem em locais proibidos, ausência do uso do cinto de segurança, cansaço do motorista e direção perigosa e negligente.

“Se os motoristas seguissem as normas gerais de circulação e conduta, como respeitar a distância de segurança entre os veículos, não haveria tanto acidente”, observou.

O capitão acredita que falta educação por parte dos motoristas e motociclistas. “É preciso investir mais na educação do condutor. Não se ensina o código de trânsito nas escolas. As pessoas aprendem apenas o que é infração”, destacou.

No ano passado, 481 motoristas foram autuados em flagrante por embriaguez ao volante na área de cobertura da 4ª Companhia, que corresponde a 43 municípios e 1.559 km de rodovias. Neste ano, a Polícia Rodoviária flagrou 249 motoristas alcoolizados enquanto dirigiam.

“O policiamento age de forma contundente, mas eu entendo que deveria haver mais respeito às leis de trânsito”, completa Junqueira.

Morte com velocímetro a 200 km/h

A morte do diretor técnico do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) Duílio Tronco Júnior, 56 anos, foi o caso mais emblemático de excesso de velocidade em Ribeirão Preto neste ano.

No dia 16 de agosto, ele se acidentou de moto na avenida Maurílio Biagi, próximo ao cruzamento com a avenida Presidente Kennedy. O velocímetro da moto ficou travado em 200 km/h, sendo que a velocidade máxima permitida para tráfego de veículos na Maurílio Biagi é de 70 km/h.

Tronco Junior pilotava uma Suzuki 750 quando perdeu o controle da direção e bateu contra um poste de iluminação pública. Com o impacto, a vítima teve a perna direita decepada e o resto do corpo arremessado a 40 metros de distância. A moto ficou totalmente destruída – a roda acima, da foto que ilustra essa página, é o que sobrou do veículo nesse trágico acidente.

O diretor técnico do DER havia comprado a moto no final de junho. Ele não havia nem mesmo feito a transferência de toda a documentação do veículo.

Campanha do grupo EPTV aborda trânsito

Em setembro, durante a Semana Nacional de Trânsito, o grupo EPTV, do qual fazem parte o jornal A Cidade, a EPTV, a rádio CBN e o site de notícias G1 Ribeirão, lançaram simultaneamente a campanha “Trânsito mais Fácil”.

O objetivo era mostrar os personagens que vivem no trânsito de Ribeirão Preto e suas dificuldades – além, claro, de debater possíveis soluções para os problemas de condutores e pedestres.

Reportagens especiais para TV, rádio, site e o jornal durante toda a semana apresentaram o cotidiano de motoristas, motociclistas, pedestres e até de ciclistas nas ruas de Ribeirão.

Análise: É preciso investir no condutor

Em segurança viária, temos que levar em consideração três eixos: o veículo, a via e o fator humano. Em relação à situação veicular, estamos caminhando bem. Os veículos estão se aproximando da condição ideal de segurança. Os carros novos, por exemplo, estão saindo das fábricas com air bags e freio ABS desde o começo deste ano. Quanto às vias, já avançamos bastante também. Independentemente da discussão econômica, é fato que as concessões rodoviárias trazem mais segurança para os condutores. O fator humano é, então, o nosso principal foco. Não adianta termos um bom veículo e uma boa via se não temos um bom condutor. Precisamos de educação no trânsito. Acontece que as pessoas só têm contato formal com as leis de trânsito quando vão tirar a habilitação. Por isso, é necessário que a matéria trânsito seja inserida no processo de formação do cidadão, e não só do condutor.

Paulo Guimarães, integrante do Observatório Nacional de Segurança Viária

Fonte: Jornal A Cidade

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