O número de mortes em acidentes de trânsito no Brasil registrou redução geral de 14%, passando de 43.780 em 2014 para 37.306 em 2015. A comparação, feita pelo OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança, tem como base os dados preliminares sobre as vítimas fatais em todo país em 2015, divulgados pelo DataSus, portal de dados do Ministério da Saúde.
A redução, conforme apurou a análise, ocorreu em todas as regiões do país. Mas a que apresentou a maior diminuição foi a Sudeste, uma queda de 21% em comparação com o ano anterior. Na sequência vêm as regiões Centro-Oeste e Sul, ambas com queda de 12%. Na região Nordeste a queda foi de 8% e, finalmente, a região Norte, com a menor redução, chegando a 4% de queda.
Outro fato positivo dos dados preliminares foi que a redução aconteceu entre todos os modais de transportes. A maior redução se deu em relação a acidentes envolvendo pedestres que registraram queda de 21% quando comparado aos números de 2014. Na sequência constam os acidentes fatais envolvendo ocupantes de caminhão (-14%) e ocupantes de automóvel (-13%).
Segundo Jorge Tiago Bastos, professor-doutor da Universidade Federal do Paraná e voluntário do OBSERVATÓRIO, embora os números devam ser comemorados, “é importante destacar que tradicionalmente os valores preliminares divulgados pelos DataSus são inferiores aos valores definitivos divulgados alguns meses depois”.
Ele lembra que no ano de 2014, por exemplo, os dados preliminares apontavam 40.294 mortes no trânsito, quando valores definitivos foram de 43.780 mortes – ou seja, houve um aumento de 8,65% nos números finais.
“No entanto, mesmo que o valor preliminar de 2015 seja corrigido em 8,65%, assumindo a mesma tendência do ano anterior, ainda assim o número de mortes no trânsito seria inferior, (40.532 mortes), representando uma redução de 7,4% em relação a 2014”, explica.
Causas
Bastos argumenta ser difícil afirmar qual a causa para a redução das mortes no trânsito em 2015. Mas arrisca a atribuí-la a um conjunto de causas, entre elas a também redução da circulação de veículos motorizados, que registrou diminuição no país no país de 2014 para 2015, devido a retração da economia como um todo.
“Isso porque o consumo de combustíveis automotivos, como o óleo diesel e a gasolina, caiu respectivamente 4,7 e 7,3%. Tais reduções correspondem a cerca de 6 bilhões de litros de combustível a menos. No entanto, o volume de etanol vendido aumentou em 4,8 bilhões de litros’, diz.
Realizando um cálculo aproximado para uma taxa de consumo média de 8 km/L, explica o professor, essa redução global nas vendas combustíveis resultaria em aproximadamente 10 bilhões de quilômetros a menos rodados nas vias brasileiras (rodovia e cidade), o que significa menor exposição ao risco de pedestres e de outros usuários vulneráveis, assim como dos próprios ocupantes dos veículos.
A expansão da rede de ciclovias em muitas cidades brasileiras, e um número cada vez mais frequente de políticas voltadas para o usuário não motorizado, ele aponta também como causas positivas para a redução da mortalidade no trânsito.
De modo semelhante, a maior aplicação da fiscalização, como, por exemplo, da “Lei Seca”, em um número maior de munícipios realizando operações, igualmente, pode ter contribuído. “Houve também a realização de campanhas de conscientização para um trânsito seguro, e, entre elas, destacamos o Movimento Maio Amarelo, que já se tornou uma ação que envolve toda a sociedade, órgãos públicos e privados em prol de um trânsito mais seguro”, pondera.
Ações como as citadas, somadas a novas medidas tomadas em 2016, como a obrigatoriedade do farol aceso em rodovias, as novas regras para a condução de caminhões (exame toxicológico) e o aumento do valor das multas, segundo o professor, poderão auxiliar para na continuidade de redução de acidentes de trânsito.
Cenário nos estados
Considerando as informações preliminares divulgadas pelo DataSUS, os estados que mais reduziram o número de mortes no trânsito foram o Rio de Janeiro (-29%), Amapá (-27%), São Paulo (-24%), Bahia (-22%) e Espírito Santo (-20%). Já os que mais aumentaram seus números foram Roraima (+8%) e a Paraíba (+3%).
O professor adverte em relação às análises estaduais, porém, que é importante lembrar que os valores podem estar sujeitos ao percentual de informações repassadas por cada estado ao Ministério da Saúde. Assim sendo, se determinado estado ainda não consolidou grande parte de suas informações, ele pode figurar com grandes reduções até então e, posteriormente, ter seus valores aumentados substancialmente após o envio dos dados definitivos ao Ministério da Saúde.
Feita esta observação, sua análise demonstra que, detalhando-se um pouco mais o cenário, as maiores reduções no número de mortes por estado e por modo de transporte da vítima foram:
Por outro lado, os maiores aumentos no número de mortes por estado e por modo de transporte da vítima foram:
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