A melhor forma de proteger as pessoas é com educação, segundo o OBSERVATÓRIO
Em São Paulo, o uso de transportes alternativos, como bicicletas e patinetes, virou febre. Uma mão na roda para quem quer se locomover de forma rápida, mas os especialistas alertam: é preciso andar com segurança para evitar acidentes.
É melhor enfrentar o trânsito da cidade grande ou encarar as grandes distâncias a pé? Para muita gente, nenhum dos dois. Existem alternativas. Para as bicicletas e patinetes elétricos, o caminho nas ciclovias é bem menos congestionado. “É muito mais rápido do que qualquer outro tipo de transporte”, diz um usuário.
E é fácil de andar também. Richard Thijssn, analista de sistema, pegou o jeito no primeiro dia: “Eu andei agora há pouco, indo, e agora tô voltando. Tranquilo”. É raro ver alguém com equipamentos de segurança, mesmo circulando a 10 km/h, 20 km/h, até 30 km/h.
Kannan César, estudante, usa patinete há seis meses e já percebeu o risco: “Às vezes passa um carro rápido e é perigoso, dá um susto às vezes”. Repórter: Mesmo assim você não decidiu colocar um capacete?
Estudante: Não, mesmo assim.
A lei não obriga uma pessoa a usar capacete para circular de bicicleta ou de patinete. O Conselho Nacional de Trânsito nem reconhece o patinete como um veículo. Ele é considerado um equipamento de mobilidade individual, que tem poucas regras, como não ultrapassar 20 km/h nas ciclovias ou ciclofaixas e 6kmh nas calçadas. Só que, mesmo nessas velocidades, existe perigo. E quem decide usar assume o risco.
Nos aplicativos de aluguel, as empresas recomendam o uso de roupas apropriadas, bem como capacete e outros acessórios de proteção. E avisam que o condutor reconhece que está agindo por sua conta e risco.
E o risco existe. Caroline Lindsay é ciclista experiente. Mesmo assim, perdeu o controle quando a roda passou por um buraco: “Tentei desviar e não consegui. Aí eu caí e realmente, na hora de cair, eu já senti que tinha quebrado o joelho e realmente fraturei em dois lugares”, conta.
Um levantamento feito no Hospital Samaritano, em São Paulo, detectou um aumento nos acidentes com bicicletas e patinetes. No primeiro trimestre do ano passado, foram 23% das internações por quedas. Este ano, 43%. E quanto mais rápido pior.
“Se a pessoa tentar apoiar no momento da queda é a fratura da clavícula, osso que articula com o ombro. O úmero por conta da transmissão de energia também. Se a cabeça vai direto ao solo, o traumatismo crânio encefálico pode ser desde leve até um traumatismo crânio encefálico grave, com coma”, destaca João Paulo Ripardo, coordenador do Centro de trauma do Hospital Samaritano.
José Aurelio Ramalho, diretor-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária, acredita que a melhor forma de proteger as pessoas é com educação: “Educação de trânsito e demonstrar percepção de risco. Na hora em que eu percebo o risco, eu mudo o comportamento”, explica.
O advogado Bruno Cavalcanti aprendeu pela dor. Quando o encontramos, ele tinha acabado de levar um tombo: “Quando eu peguei o patinete saindo do trabalho, o meu chefe falou 'cara, cuidado, hein?!'. Segunda-feira eu vou falar com ele. Preciso tomar cuidado. Preciso comprar um capacete, sem dúvida”.
Assista a reportagem em: https://globoplay.globo.com/v/7556654/
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