Duas rodas, uma vida!
Renato Campestrini
À medida que o número de acidentes com motociclistas aumenta no país, uma falsa percepção de que são todos inconsequentes se espalha na sociedade e, ao final, quando observamos um corpo caído ao solo vítima de mais um acidente, quase não nos abalamos.
Em que pese o fato de que a situação acima se mostre cada vez mais comum, ela não é verdadeira e deveria muito preocupar a sociedade que se torna alheia a um problema sério que ceifa inúmeras vidas (12,7 mil, em 2014, de acordo com o Portal iris) e deixa outras inúmeras com sequelas permanentes.
Cada motociclista por debaixo do capacete e de sua vestimenta de proteção representa uma família, uma história de vida; tem o seu papel na sociedade e não pode ser a opção do seu meio de transporte que deve condená-lo ao infortúnio, a ser tratado como um potencial doador de órgãos e tecidos.
O trânsito, como espaço compartilhado que é, deve permitir que todos transitem com segurança, seja como pedestres, na condução de veículos motorizados ou não; e respeitar os elos mais fracos é um dever de todos.
É certo que parte dos motociclistas, talvez movidos pelo ímpeto da idade, utilize o veículo de forma equivocada, acelerando demais quando deveria adotar uma postura segura; mas isso não outorga a terceiros o poder de definir se aquele cidadão vai ao solo ou não.
Os abusos devem ser punidos através dos meios e das autoridades hábeis para tanto.
Redobrar a atenção ao transitar, reduzir a velocidade ao se aproximar de cruzamentos, utilizar os espelhos retrovisores de forma a minimizar os riscos dos pontos cegos, compreender que o sistema de frenagem da motocicleta difere significativamente do veículo de quatro rodas ou mais são pontos importantes para uma convivência mais harmônica no trânsito.
Por parte dos motociclistas, a agilidade proporcionada pelo veículo em qualquer situação de trânsito mostra que não é necessário colocar a vida em risco para ganhar tempo. Como bem apregoa o jornalista especializado em motociclismo e segurança, Geraldo “Tite” Simões, “a moto não é um veículo feito para ganhar tempo, porque com ela nós não perdemos tempo!”.
Pense nisso, utilize os equipamentos de proteção, respeite o pedestre, seja consciente, seja prudente, mantenha-se vivo!
Renato Campestrini é advogado especializado em legislação do trânsito, pós-graduado em Trânsito, Mobilidade e Segurança, e gerente-técnico do OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária
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