As ciclovias não só têm o aspecto de facilitar a vida dos ciclistas, mas sinalizam que estamos mudando o modelo urbano de apropriação da cidade pelo cidadão, afirma Valter Caldana, diretor da FAU-Mackenzie e membro do conselho acadêmico do IVM (Institut pour la Ville en Mouvement, do original em francês).
O IVM é uma organização não governamental que foi fundada na França em 2000, com apoio da Peugeot, para estudar maneiras de melhorar a mobilidade nas cidades.
"Nesse momento de transição, as ciclovias têm um papel didático muito grande que é mostrar a sociedade que estamos mudando o modelo urbano da cidade, ou seja, de apropriação da cidade pelo cidadão", disse Caldana durante o debate "A Sociedade Civil Reinventando a Mobilidade", promovido pela Folha e o IVM nesta quinta-feira (13).
"A bicicleta está sendo descoberta por uma determinada camada social da sociedade que vive no centro urbano. Mas, ela é um meio de transporte privilegiado e nunca deixou de ser nas áreas periféricas da cidade, no interior do Estado e nas cidades litorâneas", afirmou Caldana.
Além de Caldana, participaram do evento Emmanuel Hédouin, gerente de Projetos da PSA Peugeot-Citroën, e alguns dos ganhadores do Prêmio Mobilidade Minuto: Rodrigo Gonçalves (Dress me Up!), Marcio Negris (Caronetas), André Biseli (Ecolivery Courrieros), Daniela Gurgel (Movimento Maio Amarelo) e Irene Quintans (Caminho Escolar de Paraisópolis).
O prêmio é concedido pelo Instituto Cidade em Movimento. A Folha é parceira da iniciativa. O debate foi mediado por Leão Serva, colunista da Folha e autor de "Como Viver em São Paulo sem Carro". Para ele, a cidade foi tão condicionada pelo carro que o pedestre acaba por ser condicionado pela rota. "O cidadão quando sai para caminhar acaba fazendo o caminho do carro, que muitas vezes é mais longo."
"O problema da aceitação da bicicleta no trânsito está nos grandes municípios. Nas cidades do interior ou litorâneas o respeito com o ciclista é muito maior. O que precisa ser feito em São Paulo é continuar a fazer essas vias específicas, instruir o condutor e falar mais sobre educação com o ciclista, de como ele deve se portar no trânsito", afirmou André Biseli, da Ecolivery Courrieiros, projeto de delivery em bicicletas.
Para Daniela Gurgel, do Movimento Maio Amarelo –que busca chamar a atenção para o alto índice de mortos e feridos no trânsito e propõe mudanças para melhorar a segurança viária–, "se já existe a ciclovia vamos deixar ela lá. Vamos deixar que ela comece".
Durante o debate, Caldana criticou os que defendem que a cidade de São Paulo não é planejada. Para ele, a cidade foi rigorosamente planejada nos últimos anos, mas o foco sempre foi para os carros. "Existe uma lenda urbana de que a cidade de São Paulo não é planejada, mas há quase 45 anos ela é pensada nos menores detalhes, pela máquina administrativa, para o carro. Portanto, a cidade foi mal desenhada."
Segundo Caldana, as pessoas têm muita dificuldade em sair de sua zona de conforto e, em um país como o nosso, não adianta ficar esperando apenas o poder pública agir.
"O poder público, particularmente o municipal, mas também o estadual, tem muita dificuldade porque há quase 50 anos só se pensava a cidade para o carro. Quanto mais a sociedade se mobilizar para se conscientizar em temas mais amplos, mais ela se qualifica para cobrar melhor o poder público. Você não muda uma cultura de 50 anos tão rapidamente, mas vai mudar porque o modelo anterior entrou em colapso", destacou Caldana.
Em relação a implantação de pedágio urbano em São Paulo, o criador do Caronetas –site colaborativo no qual a carona é recompensada com pontos que dão direito à troca por produtos e serviços–, Marcio Negris, destaca que ele acarretará mais gastos aos municípios e criará restrição, e não escolha, para as pessoas. "A cidade tem duas armas: aumentar o custo do carro e o do combustível. Falta vontade política em ter mais obras do que resolver problema."
"Muitas criticas que existem sobre a descontinuidades as ciclovias são necessárias, mas estamos vivendo um momento de transição e é preciso lembrar que nem sempre a rota foi escolhida por um ciclista. Vejo muita gente usando as ciclovias porque a bicicleta começa a ser usada como um meio de transporte. Ainda que não está 100%, mas o saldo é bem positivo", disse André Biseli.
"Não sou contra o carro. Mas acho que um dos principais benefícios da bicicleta é a saúde que faz com que a pessoa tenha uma vida mais saudável. Quando chego ao trabalho, estou mais disposto e menos estressado", concluiu.
O criador da Dress me Up! –estacionamento de bicicletas próximo à avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini que oferece vestiário com chuveiro a R$ 12 por dia–, Rodrigo Gonçalves, também diz que não concorda com todas as ciclovias que estão sendo feitas na cidade, mas acha importante que existam ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas.
"Ainda muitas são vazias, mas deveríamos aproveitar essa oportunidade, principalmente os comerciantes que podem aproveitar para atrair os clientes para suas lojas. A cidade está mudando e acho que depende um pouco da gente de sermos inteligente e respeitar."
Fonte: Folha de S. Paulo
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