Mais uma vez as páginas dos jornais, portais de internet, canais de televisão voltam seus olhos para um acidente de trânsito ocorrido no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, que ceifou a vida de uma pessoa, desta feita, um ator conhecido do grande público.
Um acidente de trânsito que foi o capítulo final de uma vida, vida essa que a exemplo de outras 37.345 no país (dados do DATASUS 2016) poderiam ser ainda repletas de ação, amor, aventura, emoções e também sofrimentos.
Para este caso específico, as reportagens mostram as complicações do paciente após a colisão do veículo com uma árvore como a causa da morte, mas uma pesquisa no Google aponta que acidentes graves ou fatais são uma constante no Aterro do Flamengo.
Isso nos leva a um questionamento: quantos desses acidentes com vítimas graves ou fatais poderiam ser evitados?
A via possui velocidade máxima regulamentada em 90Km/h e, apesar de possuir equipamentos medidores de velocidade implantados, tem nas placas de advertência a informação de que o local possui “alto índice de acidentes”.
Tendo em vista que o excesso de velocidade é um dos principais fatores de risco no trânsito, e que a cada 1% de excesso o condutor aumenta em 3% os riscos de se envolver em um acidente e em 5% o risco de morrer vítima de uma acidente, trabalhar a conscientização é uma necessidade, bem como reduzir os limites permitidos, notadamente em vias localizadas no perímetro urbano.
A Organização Mundial de Saúde – OMS e a Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS, recomendam que no perímetro urbano o limite de velocidade seja regulamentado a no máximo 50Km/h, o qual proporciona relativa segurança para pedestres e ciclistas, as principais vítimas do trânsito, e também para os ocupantes dos veículos.
O limite de velocidade em vias urbanas de 50Km/h ou inferior já é adotado por 114 países ao redor do mundo.
Na França, a redução do limite de velocidade de 60Km/h para 50Km/h na década de 90 evitou mais de 14 mil acidentes com vítimas e 580 vítimas fatais.
Em Zurique, na Suíça, a redução de 60Km/h para 50Km/h diminuiu em 25% o número de pedestres mortos. Na Noruega, a mesma ação proporcionou redução de 45% nos acidentes fatais.
Diante desses dados, podemos dizer que o limite de 90Km/h para a região do Aterro do Flamengo está bem acima do proposto pela OMS, OPAS e levado a cabo em outros países do globo.
Outro ponto que nos chama a atenção em relação aos acidentes ocorridos no Aterro do Flamengo diz respeito ao número de colisões dos veículos com árvores, algumas localizadas próximas ao leito da via.
Uma pesquisa pelo Google retorna com o relato de vários eventos dessa natureza no local, até mesmo o acidente com um ônibus é mostrado em um dos links do buscador.
Ao avaliarmos alguns desses pontos observamos que não há utilização de defensas metálicas ou barreias de concreto, que podem minimizar os riscos de colisões com as árvores, caso o condutor por um motivo ou outro venha a perder o controle do veículo.
A considerar que o limite de velocidade da via é de 90Km/h, e que eventuais autuações por excesso de velocidade são registradas para condutores que transitam a quase 100Km/h, sem descartar o erro do equipamento medidor de velocidade, seria interessante que caso não venha a ocorrer a necessária redução do limite de velocidade, a via fosse dotada de defensas metálicas ou barreiras, ao menos nos pontos considerados mais perigosos.
Também seria de grande valia para a segurança dos usuários da via em questão que se adotasse o conceito de “rodovia que perdoa”, utilizado para minimizar a severidade dos acidentes.
Esse conceito permite um tratamento da pista de rolamento e das laterais das vias, de modo que veículos descontrolados, que saiam da pista de rolamento, encontrem uma lateral projetada para reduzir as consequências da imprudência humana.
Para uma segurança adequada é recomendado providenciar uma área de recuperação livre de obstáculos que seja tão larga quanto for prática fazê-la em uma determinada seção da via.
Em vias expressas urbanas ou mesmo em rodovias, com limite de velocidade regulamentado acima de 60Km/h, deve ser prevista uma área lateral desobstruída e transpassável.
Caso isso não seja possível, os obstáculos fixos e taludes devem ser protegidos para minimizar os riscos, pois todos produzem em caso de acidentes, um resultado de parada abrupta ou acentuada.
Diante de todo o exposto, nos resta lamentar profundamente a perda de mais uma vida no trânsito, externar nosso apoio à família, e mostrar perante aos gestores que é necessária a realização de ações para tentar minimizar os riscos e evitar que outras vidas venham a ser desperdiçadas no trânsito da cidade.
Que esse capítulo final possa dar início a uma nova história de segurança e paz no trânsito para a região do Aterro do Flamengo e venha a se expandir por toda cidade do Rio de Janeiro.
José Aurelio Ramalho - diretor-presidente do OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária.
Apoio técnico: Renato Campestrini.
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