Foi divulgado no final do mês de janeiro, um novo diagnóstico sobre a segurança viária dos países que integram a ALC (América Latina e Caribe). Intitulado “Avanços da Segurança Viária na América Latina e Caribe” o documento foi elaborado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) em parceria com a AEC (Associação de Rodovias da Espanha) e contou com a colaboração de diversos órgãos de trânsito dos 25 países analisados.
Para cada país, foi enviado um questionário a fim de identificar os principais problemas e avanços na área de Segurança Viária. Em 24 dos 25 países investigados, os órgãos de trânsito oficiais foram os responsáveis por preencher os extensos relatórios. No caso do Brasil, além do órgão de transito oficial, o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito, ligado ao Ministério das Cidades), o OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária foi a única entidade não governamental que participou da pesquisa preenchendo os vários questionários.
Para Elena de La Peña, subdiretora geral técnica da AEC (Associação Rodoviária Espanhola) e uma das coordenadoras do relatório, “a existência de uma entidade como o OBSERVATÓRIO que ajudou a preencher os dados para definir o diagnóstico do Brasil, juntamente com informações administração pública é fundamental. ONGs geralmente são muito úteis no fornecimento de informações, pois complementam as questões fornecidas pelo governo”. A subdiretora também enfatizou ainda a importância de várias fontes de informação: “a Associação Rodoviária Espanhola acredita que o papel das ONGs é importante neste campo, especialmente em países onde os sistemas oficiais de coleta de dados não garantem hoje 100% do registro dos acidentes ocorridos. A existência de uma fonte adicional de dados pode ajudar a gerar informações mais precisas nesta área”, finalizou.
O documento traz os avanços obtidos pelos países em comparação ao diagnóstico efetuado em 2009 também pelo BID e AEC (veja aqui). Segundo os pesquisadores, essa é uma importante ferramenta para avaliar as mudanças na segurança viária ocorrida nos últimos anos nessa região. Citado como um avanço, o documento considera a criação de Agências de Segurança Viária criada em alguns países, campanhas de conscientização de motoristas e o compromisso assumido por alguns Governos em reduzir em até 50% o número de mortos no trânsito, conforme preconiza a Década de Ação pela Segurança no Trânsito, decretada em 2011 pela ONU (Organização das Nações Unidas).
Também é apontado como um fator positivo pelo estudo, a colaboração de instituições multilaterais, como BID, CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina) e do Banco Mundial em aporte financeiro para execução de projetos de melhorias viárias em vários países.
O número de mortes
Embora tenha havido um aumento com relação ao número de acidentes (mortos e feridos graves) nos países analisados, o relatório considera que a coleta de dados na maioria dos países sofreu uma melhora significativa, portanto, é natural que mais acidentes apareçam no estudo. Outro dado relevante nesse quesito é a evolução econômica e social dessa região. Esse aumento no poder aquisitivo da população, reflete em mais deslocamentos, na aquisição de mais veículos e consequentemente, um aumento da exposição ao risco de acidentes.
O índice de mortes no trânsito na ALC por um milhão de veículos caiu de 823 para 636 entre os dois estudos realizados pelo BID (2009-2013). O motivo dessa redução se dá pelo aumento significativo da frota de veículos em toda essa região. Países de outros continentes apresentam aumento de frota anual bem abaixo do que a ALC. O número de mortes continua alto, principalmente entre os usuários das vias considerados mais vulneráveis como os pedestres, ciclistas e motociclistas. Apesar de não haver dados específicos sobre essas vítimas vulneráveis em todos os países pesquisados, os poucos dados obtidos demonstram crescimento no número de mortes, chegando a 52,1%. No relatório anterior esse número foi de 47,1% dos usuários das vias.
Abaixo, um quadro que resume a pesquisa com uma coluna a mais que o original (página 20), em que o Observatório avalia cada questão especificamente no Brasil.
Criação do OBSERVATÓRIO NACIONAL na Argentina
Para ampliar os estudos na América Latina, o OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária tomou a iniciativa de replicar na Argentina o modelo brasileiro de trabalho que há cinco anos existe no Brasil e já se consolidou junto à sociedade. “Nossa intenção é promover o intercâmbio de informações técnicas relacionadas à segurança viária e veicular. Uma organização social, como é o OBSERVATÓRIO tem por princípio divulgar o que faz em todos os aspectos. Criar o OBSERVATÓRIO na Argentina é o primeiro passo para ampliar a cultura de segurança viária na América Latina”, explica o diretor-presidente do OBSERVATÓRIO, José Aurelio Ramalho.
A frente desse trabalho está engenheiro argentino Fabian Pons que há mais de vinte anos trabalha com segurança viária no país vizinho. Ele será o presidente da nova entidade e durante o último mês de janeiro esteve por três dias na sede do OBSERVATÓRIO em Indaiatuba-SP para conhecer o trabalho, os eixos de atuação, a missão, os valores, enfim, tudo sobre o OBSERVATÓRIO no Brasil. “A possibilidade de replicar o modelo de sucesso do OBSERVATÓRIO do Brasil no meu país me traz orgulho e muita satisfação. Estou bastante ansioso para implementar imediatamente tudo o que conheci no Brasil, em todas as áreas. A Argentina tem modelos diferentes de trânsito, porém, na questão de segurança posso aplicar tudo o que o Brasil vem fazendo. Espero conseguir rapidamente uma estrutura tão sólida quanto eu vi no Brasil”, confessou Pons.
“Com a criação do OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária da Argentina, o próximo passo é criar a OVILAN – OBSERVATÓRIO VIÁRIO LATINO AMERICANO, que será o grande aglutinador de ações e projetos para toda a América Latina, vindo de encontro a recomendação do BID no estudo sobre os Avanços da Segurança Viária da América Latina”, antecipa Ramalho.
O OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária da Argentina terá sede em Buenos Aires e deverá começar a atuar ainda no primeiro trimestre de 2014.
Veja aqui a íntegra do documento “Avanços da Segurança Viária na América Latina e Caribe 2010-2012”.
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