Por que o Brasil vai atingir a meta da ONU de reduçãoo de
acidentes até 2020?
A frase: “Há três tipos de mentiras: mentiras, mentiras
terríveis e estatísticas” é atribuída a Benjamin Disraeli, o conde de
Beaconsfield, primeiro-ministro da Grã-Bretanha no século XIX e reforça a
necessidade de desconfiarmos dos números ou, mais precisamente, do seu uso para
respaldar o que se quer dizer, e não o que se precisa dizer.
Usando os números como ferramenta de informação e não de
manipulação, o Observatório
Nacional de Segurança Viária propõe um novo olhar sobre a tão falada meta de
redução de 50% das mortes em acidentes de trânsito proposta conjuntamente
pela Organização Mundial da Saúde e Organização das Nações
Unidas, durante a Primeira Conferência
Global de
Alto Nível sobre Segurança Viária,
que aconteceu em Moscou no ano de 2009.
De acordo com a proposta do relatório UN Decade of Action for Road Safety 2011-2020 (Década
da ONU de Ação pela Segurança Viária 2011-2020), publicado em
11 de maio de 2011, a metodologia para o cálculo da meta de redução de 50%
no número
de mortes por acidentes de trânsito deve ser calculada sobre a projeção
do número
de mortes de 2011 até 2020.
Ou seja, a redução
esperada para 2020 deve ser aplicada sobre
o
número projetado de mortes para 2020 (vide
gráfico
a seguir) e não sobre o número de mortes efetivamente registrado em 2010.
Fonte: “UN Decade of Action for Road Safety 2011-2020”
- ONU
O OBSERVATÓRIO
Nacional de Segurança Viária analisou os números do Brasil nesta metodologia.
Se projetássemos os dados de 2011, o Brasil chegaria ao final da década somando
61.567 mortos no trânsito, e tendo que reduzir para 30.783 (50%) para atingir a
meta. Desta forma, se projetarmos para 2020 os dados publicados pelo DATASUS de
2011 a 2017, a meta poderá ser alcançada. A estimativa diz que chegaremos a
32.377mortes em 2020, faltando muito pouco para o valor estipulado.
Mas será isso
suficiente para termos um trânsito que se possa chamar de seguro para os
brasileiros?
Evolução da mortalidade no trânsito no Brasil no contexto da
Década Mundial de Ações para a Segurança Viária
É possível observar no gráfico a seguir que, a partir
de 2015, o Brasil passou a se manter bem próximo à meta, necessitando, portanto, de um pequeno esforço extra das autoridades
responsáveis pelo trânsito brasileiro para cumprir integralmente a meta de
2020.
Estatística X Vidas
Dados preliminares
informados recentemente pelo DataSUS registram que, em 2017, o número de mortes em acidentes
de trânsito no Brasil teve
redução de 8%, passando de 37.345, em 2016, para 34.336.
Embora os números devam ser motivo de
orgulho, é importante destacar
que, tradicionalmente, os valores preliminares expostos pelo DataSUS são
inferiores aos valores definitivos divulgados posteriormente. Em 2014, por
exemplo, houve um aumento de 8,65% quando foi feita a correção da informação preliminar,
representando um aumento de cerca de 3.500 mortes. Em 2015, os números passaram da prévia de
37.306 para 38.651 mortes confirmadas, significando um aumento de 3,61% em relação ao dado inicial. Em 2016, houve uma variação
de 7,16% em relação aos
números preliminares, saltando de 34.850 para 37.345 mortes. Portanto, há que se ter prudência antes de comemorar a
significativa redução do número de mortos no trânsito brasileiro em 2017.
Reflexão do ponto de vista do OBSERVATÓRIO
Nossa reflexão é que
meta para a redução de acidentes deveria ser aquela que, desde o início da
década foi entendida, ou seja, a partir dos dados de mortes coletados em 2010,
e não sobre projeções, tornando a meta mais ambiciosa e mais factível, e reduzindo
de forma mais efetiva o número de mortes no trânsito!
Ainda que possa
parecer utópico, devemos nos preparar e criar mecanismos na sociedade
brasileira que não admitam como normal nenhuma morte no trânsito.
Evolução da mortalidade no trânsito no Brasil
Meta proposta pelo Observatório
Comparando com a
linha vermelha, que manifesta a projeção baseada nos números reais (tendência atual de
redução de mortes para os próximos anos) , identifica-se uma grande diferença
(de mais de 10.000 mortes a serem reduzidas em 2020), o que indica um cenário que ainda apresenta
muito espaço para melhorias, de forma que o trabalho intensivo para reduzir as
mortes e lesões no trânsito deve continuar.
Para o OBSERVATÓRIO, com uma meta mais
ambiciosa, é natural que os resultados, quando comparados à meta da ONU, fiquem
mais distantes. Ainda assim, após registrar aumento no número de mortes em alguns
anos (barras vermelhas – com valores
negativos, pois ocorreram aumentos), o Brasil teve seu desempenho na redução de
mortes melhorado a partir de 2015, de modo que em 2020 teríamos um valor próximo à metade da meta proposta pelo Observatório.
Ainda que o balanço
dos últimos 10 anos seja
positivo em números absolutos,
para atingir o cenário que condiz com a
situação econômica do país, seria necessário, segundo
o OBSERVATÓRIO, dobrar os esforços
empreendidos para atingir a redução esperada até 2020.
Temos algo a
comemorar?
Para o OBSERVATÓRIO, cada vida poupada é motivo de alegria. Porém, não há o que se comemorar
num trânsito que ainda mata
mais de 30 mil pessoas por ano e acarreta, além das dolorosas consequências para toda a sociedade, os custos bilionários com a assistência às vítimas, sejam os
mortos, feridos ou seus parentes, e efeitos colaterais danosos comos
congestionamentos, prejuízos aos bens públicos e poluição, dentre tantos outros.
A meta de redução da
mortalidade no trânsito brasileiro,
seguindo estritamente a metodologia proposta pelas Nações Unidas, tornou-se
obsoleta e pouco ambiciosa, já que houve uma frustração da perspectiva de crescimento econômico do país. O OBSERVATÓRIO propõe que seja mantida a
interpretação que os ativistas em defesa da vida no trânsito sempre tiveram, ou seja, redução
de 50% sobre o número de mortes por
acidentes de trânsito em 2010, que foi de 42.844.
Sendo assim, temos que envidar todos o esforços para que cheguemos a 2020 com
um número inferior a 21.422 mortes em decorrência do trânsito.
Em 2020, com mais de
20 mil mortos, ainda não haverá razão para comemorar, mas isso dará forças e
esperança a todos que trabalham por um trânsito seguro no Brasil, para
continuarem cobrando ações efetivas das autoridades, mostrando que é possível
estabelecer metas ambiciosas e promover um trabalho sério, voltado à na
segurança viária, para alcançá-las. Afinal, todo o esforço possível ainda é
pouco quando o objetivo final é salvar vidas.
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