Renato Campestrini
Dias atrás, ao assistir ao noticiário de uma retransmissora do interior do Estado de São Paulo, a matéria apontava que uma empresa que presta os serviços de transporte coletivo intermunicipal para determinada cidade estava com veículos sem condições de realizar o transporte em virtude da falta de cartões de vistoria e de atender normas de segurança.
Posteriormente, outra matéria mostrou novamente veículos da empresa em questão sendo submetidos à vistoria e um que bateu em um poste após perder uma roda do eixo dianteiro. Apesar do susto para trinta e quatro passageiros, felizmente ninguém ficou ferido.
Saindo do interior para a capital, no último dia 6 de abril, o noticiário nos mostra um veículo do transporte coletivo que supostamente perdeu o controle em um declive, acertou sete veículos e dois postes antes de parar, deixando, ao final, nove feridos.
A esses casos, podemos juntar vários outros, dentre os quais aquele na rodovia a caminho do litoral de São Paulo, que ceifou vidas de jovens que retornavam para suas casas após aulas na faculdade.
Em comum a todos esses casos, o envolvimento de veículos que em tese deveriam ser seguros, uma vez que transportam inúmeras vidas para o trabalho, para o estudo e também para o lazer.
Quando um acidente ocorre com tais veículos e vítimas são registradas, a repercussão do assunto é grande na Imprensa, na população; mas, no entanto, com ações preventivas muitos dos registros poderiam ser evitados.
Fiscalizar nas vias das cidades e nas rodovias o estado de conservação de tais veículos é essencial para evitar acidentes, pois manutenção deficiente, ou a falta dela, são fatores de risco que podem resultar em acidentes.
Em reportagens na televisão, jornais, por mais de uma vez a ausência do cinto de segurança para veículos em que eles são obrigatórios foram mostrados, assim como pneus sem possibilidade de transitar, ou seja, situações que não deveriam existir.
Para os passageiros, eventual abordagem pode até representar perda de tempo nos deslocamentos corriqueiros do dia a dia. Entretanto, esse período da abordagem pode ser o necessário para a preservação da vida.
O certo é que após um acidente com envolvimento de veículos do transporte coletivo, as dúvidas e questionamento sempre aparecem:
Porque não fiscalizaram antes?
A velocidade era compatível?
O tacógrafo registrou os dados?
A manutenção foi realizada com a necessária atenção?
O condutor estava em boas condições físicas e de saúde para realizar a atividade?
Seja no veículo particular, seja no transporte coletivo, cuidar da manutenção do veículo, da saúde do condutor e possuir a percepção do risco, são requisitos fundamentais para evitar acidentes. E a fiscalização cumpre papel importante nesse processo.
Chega de desperdiçar vidas, de ampliar a legião de sequelados do trânsito; mudar o panorama atual é algo que está ao nosso alcance, afinal de contas, nossa escolha, minha escolha faz a diferença.
Renato Campestrini é especialista em legislação de trânsito e gerente-técnico do OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária
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