Por Tiago Bastos e Heitor Vieira
O transporte por meio de veículos deslocados por tração humana é o mais eficiente quanto à sustentabilidade e tem sido uma alternativa recorrente de transporte urbano nos países europeus. A motorização, estimulada pelas facilidades oferecidas ao uso do automóvel, trouxe dificuldades não previstas no que diz respeito à segurança viária e a qualidade de vida.
Na atualidade, projeta-se como um grande problema o intenso processo de motorização; porem, é a heterogeneidade dos veículos que torna as soluções bem mais complexas. Quando as massas, as dimensões ou as velocidades dos elementos que compõem o mix do fluxo são muito diferentes, por vezes, se torna necessário segregar os diversos tipos de veículos. O planejamento da mobilidade urbana deve voltar sua atenção a todos os modais de transporte, de forma a garantir a segurança de seus usuários, viabilizando esta segregação. No âmbito deste planejamento, a inclusão e o incremento de um modal sustentável passa a ter enorme relevância. O aprendizado a partir da experiência de outros pode ajudar a evitar alguns problemas ou buscar solução para os inevitáveis.
A participação do modal cicloviário, ao longo do território brasileiro, ainda é pouco significativa, conforme mostra o gráfico com as respectivas extensões da malha cicloviária de diversas capitais brasileiras. Para se ter uma base de comparação, Amsterdam, onde cerca de 60% da população utiliza a bicicleta diariamente, possui 500 km de malha cicloviária com menos de 1 milhão de habitantes.
(Fonte: Mobilize, 2015)
Muitos países da Europa, durante o período pós-guerra, acreditaram na motorização em massa como proposta socialmente atrativa, viável e de grande solução para os problemas da segurança de trânsito. Depois da Segunda Guerra Mundial, mesmo países como França, Alemanha e Países Baixos, reduziram a fatia de participação da bicicleta no numero de viagens. Levou pouco tempo para a constatação de que a motorização excessiva, ao contrário do que se pensava a princípio, estava contribuindo para diminuir a segurança no trânsito e degradava dia a dia a qualidade de vida nos centros urbanos.
Os ciclistas, em termos de segurança, fazem parte de um grupo denominado de “usuários vulneráveis”, juntamente com os pedestres e os usuários de motocicleta. Como o próprio nome já sugere, tais usuários tendem a levar desvantagem em caso de colisão com outros veículos motorizados, devido à ausência ou quase ausência de estrutura de proteção. A “vulnerabilidade” também pode ser interpretada no sentido de que as chances de envolvimento em acidentes desses usuários tendem a ser maiores e, quando uma acidente acontece, as chances do mesmo ter elevada gravidade também são especialmente maiores para estes usuários. Os ciclistas tendem a realizar a maior parte de suas viagens em meio urbano, onde os riscos de acidentes são maiores.
Em tempos de expansão do transporte cicloviário, ou ao menos em tempos de retomada desta discussão, é importante chamar a atenção para a necessidade do estabelecimento de medidas de mensuração da exposição de ciclistas. Uma vez que o transporte por bicicleta é incentivado, há uma tendência de aumento da utilização do modo (o que seria detectado pelo aumento da quantidade de quilômetros percorridos por bicicletas). No entanto, junto com a maior utilização, certo nível de acidentalidade também tende a estar associado, de modo que é provável que o aumento da utilização de bicicletas no meio urbano seja acompanhada também de um aumento no número de acidentes/mortes de ciclistas. O levantamento de informações acerca da exposição dos ciclistas é variável fundamental para avaliar a evolução dos riscos associados ao modo cicloviário em um cenário de expansão de seu uso. É muito provável que, apesar de um aumento no número absoluto de acidentes, que o risco associado a cada quilômetro percorrido a mais por bicicleta seja menor, resultado da maior utilização do veículo e de uma melhor infraestrutura em relação ao cenário anterior.
Outra séria questão relacionada à segurança de bicicletas, é o elevado grau de subnoticação dos registros de acidentes. Em função do dano material geralmente não ser de grande monta, muitos acidentes envolvendo ciclistas não são nem sequer registrados. A implantação de ciclovias e ciclofaixas tem o objetivo de aumentar a segurança dos ciclistas e de fato elas tem esse efeito (principalmente ao longo de trechos retos), conforme mostram estudos noruegueses que avaliaram adequadamente a evolução dos acidentes antes e depois da implantação de ciclovias e ciclofaixas. Por avaliação adequada aqui entende-se uma avaliação que considere as possíveis e prováveis alterações no uso do modo cicloviário. Para as malhas cicloviárias, um ponto que ainda deve ser melhor tratado são as interseções. Por mais que se tenha uma estrutura de ciclovias e ciclofaixas, as interseções com outras vias consistem em um grave ponto de conflito. Alternativas para tal podem envolvem a construção de interseções em desnível para ciclistas – algo nada incomum em muitos países europeus. No entanto, há de se atentar para questões de segurança pública quando da consideração de alternativas como esta no Brasil. Uma ciclovia ideal deve atender a cinco princípios básicos: coerência, linhas diretas, atratividade, conforto e segurança.
Além de uma infraestrutura viária que deve zelar por sua segurança, o ciclista também possui outros recursos capazes de tornar sua viagem mais segura. Uma das principais alternativas neste sentido é o uso de equipamentos de proteção, com destaque para o capacete, capaz de reduzir entre 41 e 64% o número de lesões na cabeça (de acordo com dados de pesquisas dos EUA, Canadá, Reino Unido, Noruega e Austrália.
Nos últimos tempos, a escassez de recursos naturais e a preocupação com o comportamento do clima vem provocando mudanças positivas na forma de pensar a gestão da mobilidade. Alguns países europeus vem adotando um modelo de urbanização centrado no homem e tendo a sustentabilidade como elemento chave na busca do desenvolvimento econômico e social. Muitos governantes têm investido no transporte cicloviário, na melhoria dos sistemas de transporte público e na integração entre ambos, como uma forma de recuperar a qualidade de vida dos seus cidadãos.
Os deslocamentos feitos a pé́ ou de bicicleta apresentam muitas vantagens em relação ao uso dos veículos motorizados, e devem ser estimulados por meio de investimentos de adequação da infraestrutura urbana, pois espera-se que produzam retornos como:
Jorge Tiago Bastos é doutor em Engenharia de Transportes e professor da Universidade Federal do Paraná e membro do ONSV (OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária; eHeitor Vieira é doutor em Engenharia de Transportes e professor da Universidade Federal do Rio Grande
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