O Carnaval este ano foi marcado por menos acidentes, mortos e feridos do que o mesmo período carnavalesco do ano passado nas estradas federais do País. Ainda é difícil saber se indica uma tendência, mas a Polícia Rodoviária Federal (PRF) fez um balanço baseado em seus registros e estatísticas. Nesta comparação, por cada milhão de veículos registrados no Renavam, o número de mortos caiu 28%, o de feridos 18% e os acidentes 22%.
Morrer 120 pessoas (incluídos os atropelamentos) em quatro dias e meio ainda assusta e muito. Mas é inegável que a PRF se preparou para este período sempre problemático com ações diversas. No total foram fiscalizados 234.038 veículos, recolheram-se 1.901 carteiras de motoristas e 48.754 pessoas participaram de ações de educação para o trânsito. Uma das providências que mais surtiu efeito foram os testes de alcoolemia. Pelo bafômetro passaram 85.677 motoristas, dos quais 2.006 foram autuados e 372, presos.
A referência a comemorar aparece quando se comparam as fatalidades nas rodovias federais no Carnaval de 2007 com o de 2015. Em oito anos, as mortes por milhão de veículos registrados baixaram nada menos de 56%: de 3,2 para 1,4. No entanto, a relação com outros países ainda não pode ser feita, pois a frota registrada é cerca de 30% maior do que a real. Afinal, como já comentado nessa Coluna, os carros no Brasil têm certidão de nascimento, mas não de óbito. Milhares de veículos viram sucata todos os anos, mas continuam no Renavam: poucos se habilitam a enfrentar a burocracia e os custos de cancelar a documentação.
As estatísticas da PRF, no entanto, têm seu valor porque a mesma base, ainda que errada, serviu de critério em todo o período avaliado. Há alguns fatores importantes deixados de lado entre eles a densidade do tráfego. Não foi possível descobrir se menos veículos circularam neste Carnaval por razões econômicas: combustível mais caro, índice menor de confiança no futuro e o País em ambiente recessivo.
Esse dado é tão importante que nos EUA o balanço de acidentes, feridos e mortos leva em conta a frota real (lá bem controlada) e a média de distância percorrida anualmente por veículo. Com organização estatística pode-se medir por amostragem direta e indireta, por exemplo, pelos planos de manutenção nas oficinas.
No Brasil deve-se esperar uma melhoria constante na segurança à medida que mais automóveis entrarem em circulação com freios ABS e bolsas infláveis. Nada, no entanto, se equivale à qualidade das estradas como fator de menor risco.
São Paulo, o estado com as rodovias mais modernas e seguras do País, comprova isso. Segundo a Polícia Militar Rodoviária, comparando o período carnavalesco de 2014 e de 2015, o número de mortos caiu de 40 para 21. Deve-se notar que a malha rodoviária federal em São Paulo é minúscula, enquanto a estadual representa mais de 40% do total de rodovias no Brasil, incluídas regionais, estaduais e federais.
Números paulistas, portanto, têm extraordinária relevância e se aproximam de países desenvolvidos por qualquer critério de comparação.
Fernando Calmon
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