Segurança viária é um dos tópicos relevantes quando falamos em segurança nas cidades, pois ela está associada a qualidade de vida. E seu objetivo é fazer com que através das suas disposições legais sejam evitados sinistros que levem a ferimentos sérios e óbitos oriundos do trânsito. A conservação das vias, implementação dos sistemas viários funcionais, planejamento e controle urbano, são essenciais em qualquer município. Portanto, a semana nacional do trânsito é um momento oportuno, para que todos os órgãos envolvidos, possam juntos, discutir e trocar experiências com o mesmo propósito.
A segurança no trânsito no Brasil é apoiada em três pilares: o de engenharia, educação e o esforço legal, que engloba fiscalização e legislação. Minha experiência em relação a segurança viária, está ligada diretamente ao pilar da educação. E uma das principais competências da equipe que faço parte, é fazer palestras educativas nas escolas públicas e privadas, assim como, espaços que necessitam de algum tipo de orientação preventiva, como orfanatos, hospitais (na ala de pediatria com crianças acidentadas, com o objetivo de fazer com que, aquele jovem, não volte mais ao hospital nessa condição), ongs etc.
Somente esse ano de 2022, entre os meses de fevereiro e agosto, foram feitas 64 palestras, dando um total de 3.664 crianças e jovens que receberam informações e orientações importantes, sobre regras de prevenção e o que é ter um bom comportamento no trânsito. Dessas 64 palestras, 16, foram no mês de maio, contemplando o movimento “Maio Amarelo”, que tem como proposta chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo. Essas ações de maio, foram elaboradas em cima do tema “Juntos Salvamos Vidas”, com oficinas, debates e atividades lúdicas, como nossa escolinha de trânsito, que é um minicircuito montado no pátio da escola, com a presença de um agente fardado, faixa de pedestre, placas de sinalização e semáforo. Levamos bicicletas e as crianças puderam se divertir, fazendo de conta que estavam num trânsito de verdade.
As palestras têm duração de 50 min, dependendo da faixa etária. Nesse tempo, as crianças recebem informações importantes, como por exemplo: como atravessar a rua quando não tiver faixa de pedestre no local, a idade correta para poderem andar na garupa de uma motocicleta ou se sentar no banco da frente do carro, qual a forma mais segura do adulto segurar uma criança na hora de atravessar, o uso correto dos equipamentos de proteção, como capacetes e joelheiras, os perigos para os motoristas que usam celular e os que bebem e vão dirigir. Também são passados vídeos educativos que abordam temas fundamentais como: cordialidade, cooperação, solidariedade, os cuidados com os deficientes físicos, proteção do meio ambiente etc.
Essas iniciativas beneficiam não só os futuros motoristas, mas também os pedestres e condutores de hoje, já que munidas de conhecimentos sobre as regras, têm a possibilidade de cobrar dos seus pais e familiares, a conduta correta e o cumprimento das normas, se tornando verdadeiras fiscais. Sem dúvida, a sociedade do presente e do futuro, tem muito a se beneficiar com essas atitudes.
É preciso o engajamento e união de todos os setores e segmentos da sociedade. Seja nas esferas governamentais, empresas, entidades de classe, associações e a sociedade civil organizada, independente de idade e profissão, para discutirmos juntos o tema e propagar o conhecimento em prol da redução das mortes adotando comportamento seguro no trânsito. E é primordial que seja dessa forma, seguida de ações concretas. Sem ficar somente nos discursos.
Com experiência de mais de 30 anos trabalhando com trânsito e transporte da cidade, sendo que desses, 8, dedicados a educação para o trânsito com crianças, e vendo os resultados positivos alcançados, como a notícia que no mês de maio, Salvador apontou redução no número de ocorrências nas vias da cidade no primeiro trimestre de 2022, que de janeiro a março, o órgão responsável pelo trânsito da capital, registrou 16 mortes em acidentes, o que representa 50% de redução em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram contabilizados 31 óbitos. Ainda dentro do mesmo período, foram 612 acidentes nos primeiros 3 meses desse ano, contra 650 ocorrências em 2021. Aliado a esses dados e os comentários otimistas por parte das gestoras em relação a mudança no comportamento de alguns pais, depois que seus filhos assistiram a palestra, o que posso desejar para o próximo ano, que os dirigentes, valorizem nosso trabalho, nos dando recursos didáticos contextualizados, para que possamos desenvolver nosso trabalho motivados e satisfeitos, que tenha divulgação permanente para alcançarmos mais escolas. Por fim percebam, quando educamos uma criança para o trânsito, estamos preservando vidas, evitando acidentes, exercendo a cidadania, em que respeito, cortesia, cooperação, solidariedade e responsabilidade constituem os eixos determinantes da transformação do comportamento do homem.
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Marluzi Moreira de Carvalho - Licenciada em pedagogia, Observadora Certificada, Especialista em Trânsito pela UNEB (Universidade Estadual da Bahia), MBA Gestão Escolar pela USP (Universidade São Paulo), Salvador/BA.
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