Artigos

Faça o que eu digo, mas não faça o que eu mostro

Escrito por Portal ONSV

22 JAN 2024 - 14H20 (Atualizada em 05 FEV 2024 - 12H08)

A mensagem subliminar, aquela que aparece nas entrelinhas do que está sendo dito ou mostrado, tem forte poder de influência no nosso comportamento, ainda que inconscientemente.

Largamente utilizada no cinema e principalmente nas novelas... aquele artista principal, que toma uma cerveja, que é possível identificar a marca, não está ali por acaso... associa o galã à marca da cerveja e você, inconscientemente, associa que, ao tomar a cerveja do artista, você é ele ou, no mínimo, tão charmoso quanto ele.

Mas não vemos esse cuidado, com raras exceções, nas produções audiovisuais em geral, sejam elas de entretenimento ou propaganda.

Assistindo a qualquer novela ou série de produção nacional, são muitas e flagrantes as mensagens subliminares negativas, relacionadas à segurança viária.

O diretor gosta de posicionar o ator no meio do banco traseiro, para melhorar a “tomada”, mas nem sempre esse ator está usando o cinto de segurança.

Ainda na cena, o motorista do aplicativo retratado, não cobra do jovem o uso do cinto e, minutos depois, ainda faz uma vídeo-chamada dirigindo, solta o cinto de segurança, e se debruça para fora da janela gritando... isso não é fantasia... está lá, na série.

O famoso artista, com 2,5 milhões de seguidores, aparece em seu último filme, sem cinto de segurança e com o seu motorista falando ardorosamente ao celular e ainda, desviando o olhar da estrada.

Dirão vocês: “mas todo mundo sabe que aquilo é cenário!”

Mas, o seu cérebro, subliminarmente, entende que aquilo é real... e exemplo do que pode ser feito.

E o que é pior, muitas dessas produções com patrocínio e apoio da Ancine (Agência Nacional do Cinema)! Dinheiro público usado para disseminar ensinamentos errados e que podem ser MORTAIS!

Coincidência ou não, assisti a um filme argentino, que conta a história de um casal, cuja vida é destroçada pela perda da filha de 9 anos, em um acidente de carro.

A cena, que pode ser vista a partir dos 16 minutos, no filme “Nascido e Criado” (Netflix) é um exemplo de como o cinema pode ser didático!

O casal viaja com a filha no banco traseiro, com o cinto de segurança devidamente colocado. Lá pelas tantas, ela solta o cinto e vem para perto da mãe, querendo ir para o seu colo. Os pais insistem que ela deve voltar ao seu lugar... nesse ponto, o pai perde o controle do veículo que, ao colidir, arremessa a criança pelo vidro da frente... estando você envolvido na história, fica impossível não esquecer dessa didática cena, e se perguntar por que o pai não parou o carro para posicionar a criança? ... e assim, fica a lição de que, não estar adequadamente protegido é mortal!

Está mais do que na hora das empresas de comunicação e entretenimento, assim como abraçaram tantas outras causas, abraçarem a causa de vidas, que se perdem diariamente nesse país. Somos todos vulneráveis!

Está na hora de entenderem que responsabilidade social, incluída nas ESG (do inglês, Environmental, Social and Governance - Governança Ambiental, Social e Corporativa), é também mudar o comportamento de uma sociedade não só nas diferenças, mas também naquilo que nos une de forma mórbida, mortes no trânsito!

E os anunciantes, principalmente os ligados à área automotiva têm grande poder e influência para mudar isso!

Com a palavra a Ancine, os produtores de áudio visual, os anunciantes e o Conar (Conselho Nacional Auto Regulamentação Publicitária).




Saiba mais

Boleto

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Portal ONSV, em Artigos

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.