“[...] a cidade será educadora quando reconheça, exerça e desenvolva, para além das suas funções tradicionais, uma função educadora, isto é, quando assume uma intencionalidade e responsabilidade.”
*Profa. Dra. Gilcileide Rodrigues da Silva
É com muita satisfação que hoje faço parte do quadro de Observadores Certificados pelo OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária. A minha inclinação para integrar esse grupo é devida ao fato de trabalhar com componentes curriculares do curso de Geografia (bacharelado e licenciatura) da UFAL (Universidade Federal de Alagoas), que desenvolve trabalhos de pesquisa e de extensão, como os PIs (Projetos Integradores) e as ACE (Atividades Curriculares de Extensão), ambos voltados a temáticas pertinentes à sociedade.
A temática Educação para o Trânsito foi incorporada às atividades extensionistas da UFAL, que, para sua abordagem, se apropriou do conceito-chave de “cidade educadora”. Esse conceito tem sua origem na obra de Edgar Faure (1972), presidente da Comissão Internacional para o Desenvolvimento da Educação, estabelecida pela Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura) na década de 1970. A comissão publicou o Relatório intitulado “Aprender a Ser”, que reflete as ideias de Faure et al (1977, p.130), quando afirmam que é preciso “[...] aprender para viver; aprender a aprender, de maneira a poder adquirir conhecimentos novos ao longo de toda a vida.”
Na perspectiva de Morin (2000, p.76), “[...] aprender a viver, a dividir, a comunicar, a comungar; é o que se aprende somente nas – e por meio de – culturas singulares”. Sendo assim, como seres humanos, é imperativo, em nossos dias, aprendermos a ser, viver, compartilhar e nos comunicarmos de forma a compor uma identidade que ultrapasse o fato de pertencermos a uma cultura. Se hoje nossa cultura envolve o trânsito, devemos, então, aprender mais sobre ele. Nesse sentido, a cidade educadora se constitui um ato permanente de aprendizagem.
Historicamente, a concepção de “cidade educadora” é recente, mas muito relevante para o contexto das cidades na contemporaneidade. Sua compreensão envolve princípios norteadores que coordenam as articulações de uma rede de amplitude internacional que ganha espaço no coração de 505 cidades em 34 países, com abrangência em todos os continentes e que estão organizadas pela AICE (Associação Internacional das Cidades Educadoras).
A cidade educadora desempenha um papel educacional e a importância de suas articulações – para além do seu entorno, dinâmica e ligação com a diversidade da cidade – não está fechada em si, mas busca articulações pelas semelhanças, que podem unir os diferentes territórios. Dito isto, “[...] a cidade será educadora quando reconheça, exerça e desenvolva, para além das suas funções tradicionais, uma função educadora, isto é, quando assume uma intencionalidade e responsabilidade.” (CARTA DE CIDADE EDUCADORA, 1990).
Considerando essas observações, preocupar-se em reduzir a violência no trânsito na cidade é uma forma de desenvolver o conceito de cidade educadora, sobretudo em razão do alto índice de vítimas de acidentes de trânsito. Para a OMS (Organização Mundial de Saúde), os acidentes de trânsito são indicativos de um grave problema de saúde pública e uma das principais causas de mortes e lesões em todo o mundo. Além disso, elevam o custo para os serviços de saúde e para as economias dos países, podendo atingir de 1% a 3% do PIB (Produto Interno Bruto) (ONU, 2011).
Com o propósito de contribuir para a redução desses acidentes e de desenvolver uma consciência cidadã no trânsito, as atividades extensionistas do curso de Geografia da UFAL são desenvolvidas em parceria com o Detran/AL, formando multiplicadores de educadores para o trânsito. De posse de subsídios teóricos e práticos, os acadêmicos criam e fazem adaptações de ferramentais didáticas virtuais que abordam o trânsito em diferentes aspectos. Os estudantes dos componentes curriculares de extensão atuaram como protagonistas na elaboração de instrumentos educativos que alimentam um acervo pedagógico das atividades educativas para o trânsito da cidade de Maceió.
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Profa. Dra. Gilcileide Rodrigues da Silva
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No dia 12 de novembro, ocorreu uma audiência pública na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, a pedido do deputado federal Zé Trovão (PL/SC). O encontro contou com a participação do CEO do Observatório, Paulo Guimarães, além de diversos outros representantes do setor. O objetivo da audiência pública foi solicitar agilidade na tramitação de projetos de lei que visam combater os crimes nas rodovias brasileiras, como os roubos de carga.
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